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domingo, agosto 10, 2014

Guarda libertado de prisão celebra 1° dia dos pais com família após 3 anos

            

José Conceição na companhia de seu pai, esposa e dois dos três filhos logo após deixar prisão em Salvador (Foto: Arquivo Pessoal)José na companhia de seu pai, esposa e dois dos três filhos logo após deixar prisão em Salvador (Foto: Arquivo Pessoal)
"Eu quero que ele nunca mais volte para aquele lugar e que fique com a gente para sempre". Esse é o depoimento de Iasmin Lima Pereira, 11 anos, filha do guarda municipal baiano José Pereira Júnior, libertado, há dois dias, do Centro de Observação Penal, situado no Complexo Penintenciário da Mata Escura, em Salvador. Ele estava preso há três anos cumprindo pena de mais de 24 anos de prisão após ser apontado como principal autor da morte de estudante Adriani Melo, então com 16 anos, em 2011. Ele teve pedido de liberdade provisória concedido pela Justiça.
Guarda municipal José Pereira Júnior, Bahia (Foto: Reprodução TV Bahia)Guarda José Pereira Júnior, com a esposa
(Foto: Reprodução TV Bahia)
O guarda municipal, que tem hoje 47 anos e também atuava como agente comunitário da prefeitura de Salvador, alega inocência desde o início. Ele foi condenado em regime fechado pelos crimes de estupro e homicídio. José passou um ano e nove meses detido na carceragem da Polinter, unidade da Polícia Civil, na capital baiana, até ser julgado em maio de 2013.
Neste domingo (9), é a primeira vez, nesses três anos, que ele passa o Dia dos Pais com a esposa e os três filhos, dois homens de 23 e 22 anos e a menina. Em entrevista ao G1, José Pereira contou que a previsão era a de que ele fosse solto no dia 14 de agosto, mas a defesa conseguiu antecipar a saída, que se deu após anulação do júri popular que fixou a sua pena.
"Só fique sabendo na sexta-feira que seria soltou. Fiquei bastante alegre. Passei três anos esperando por esse dia. Eu acreditava que a minha inocência ia me fazer sair de lá. O Dia dos Pais era só tristeza, não tinha visita", revelou.
Segundo a técnica de enfermagem Iralva Lima, casada com o guarda há 23 anos e mãe dos três filhos dele, a filha menor foi a que mais sofreu com a ausência do pai no período em que ele esteve preso. "Já estava imaginando como seria esse ano de novo sem ele. Era a pior data que tinha porque os meninos [filhos] ficavam muito tristes e o pai dele [José] também. A menina [filha] é muito apegada. Agora estamos muito contentes e ansiosos", disse.
Iasmin falou sobre sua reação ao ter o pai de volta em casa. "Quando ele estava lá [na prisão], eu sentia muito a falta dele. Quando ele voltou, pulei nele, beijei, abracei. Ele é um bom pai", disse a menina, que ainda não sabe o presente que vai dar ao pai.
Na prisão, o guarda municipal se converteu à religião evangélica e o desejo dele é ir à igreja no Dia dos Pais para, em seguida, comemorar com a família. A esposa disse que ele está se adaptando à rotina após receber a liberdade. "Ele ainda está meio perdido, mas vai ficar bem", afirmou.
O caso
O crime ocorreu no dia 28 de junho de 2011 em Abrantes, distrito de Camaçari, município localizado na região metropolitana de Salvador. De acordo com a polícia, Adriani de Melo teria sido sequestra enquanto estava com o namorado, que tinha 17 anos. O adolescente que disse ter testemunhado o rapto contou à polícia que a namorada foi levada por um homem em um carro. O jovem teria sido liberado pelo suposto sequestrador e o corpo da menina encontrado com sinais de violência sexual um dia após o sumiço dela.
Guarda Municipal de Lauro de Freitas condenado a 24 anos consegue liberdade provisória na Bahia (Foto: Reprodução/TV Bahia)Guarda Municipal Josué Pereira (esquerda) e
retrato falado do acusado do crime (direita)
(Foto: Reprodução/TV Bahia)
O inquérito policial do caso foi concluído pelo delegado Marcos Tebaldi, da 26ª Delegacia, no dia 23 de agosto de 2011. A principal prova foi apontada pelo namorado da vítima, que fez retrato falado e depois observou diversas fotografias e indicou a imagem dele como autor.
A polícia o apresentou como principal suspeito no dia 19 de agosto de 2011. O guarda municipal foi acusado de ter cometido homicídio triplamente qualificado e estupro. Ele foi preso no dia 20 de julho de 2011, quando saía de um plantão em Lauro de Freitas,em cumprimento de mandado de prisão temporária concedido pela juíza Mariana Deiró. Desde então, a família e os amigos do guarda negam a participação dele no crime.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) acatou o indiciamento da polícia e o denunciou à Justiça no dia 29 de agosto. A promotora de Justiça de Camaçari, Karyne Simara Macedo Lima, que assinou a denúncia, acusou o guarda de homicídio qualificado, por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima e estupro. A condenação foi lida no dia 13 de maio de 2013, pela  juíza Mariana Beiró, 1ª Vara Crime de Camaçari, que acompanhou o caso.
Polícia investiga morte da jovem na Bahia (Foto: Reprodução/ TVBA)Adriani de Melo foi encontrada morta em estrada de
Camaçari em 2011 (Foto: Reprodução/ TVBA)
A família do guarda contestou a acusação, alegando que, no dia do crime, ele deixou o plantão pela manhã e passou o resto do dia no bairro do Curuzu, onde morava com a família.
A mulher de José Pereira mantém a versão dada há três anos e disse ao G1, após a libetação do guarda, que ele estava com ela e amigos do bairro onde moram, em uma festa. na noite do crime.
"Ele estava comigo. Nem ele nem eu nunca fomos em Abrantes. Estávamos em uma festa com a comunidade", disse. A técnica em enfermagem afirmou que, embora esteja feliz com a liberdade do marido, o desejo dela é que o inquérito seja reaberto. "Existe um culpado nessa história. Queria que a investigação fosse retomada e que achem a pessoa que fez isso", pontuou.
O guarda municipal também disse ao G1 nunca ter ido a Abrantes, nem conhecer a vítima, o namorado dela ou qualquer familiar. "Nunca tinha ido em Camaçari. Agora, eu esperava que nem tivesse novo julgamento, que a minha inocência fosse reconhecida. Vamos provar isso", afirmou.
O delegado responsável pelo caso na época, Marcos Tebaldi, disse à TV Bahia que, tanto a polícia quanto o Ministério Público avaliaram que havia prova suficiente para indiciar o guarda municipal. O Ministério Público informou que a promotora responsável pelo caso vai analisar o que motivou a anulação do julgamento para decidir que providência adotar.

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