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quinta-feira, março 19, 2015

'Me humilha', diz filha de Santiago após Justiça mandar soltar acusados



Do G1 Rio
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'Deitada em seu ombro, tivemos tempo de conversar sobre muitos assuntos, pedi perdão pelas minhas falhas e prometi seguir de cabeça erguida', escreveu Vanessa em rede social. (Foto: Vanessa Andrade/Arquivo pessoal)Santiago e a filha, Vanessa Andrade (Foto: Vanessa
Andrade/Arquivo pessoal)
A filha do cinegrafista Santiago Andrade, morto em 6 de fevereiro de 2014, durante um protesto no Rio, manifestou sua indignação, por meio de seu Facebook, após a Justiça conceder liberdade aos ativistas Caio de Souza e Fábio Raposo. A dupla, acusada pela morte, não responderá mais por homicídio doloso e teve o alvará de soltura concedido na tarde desta quarta-feira (18). 

"Sou mais uma parcela da sociedade que passa a conviver com assassinos de um homem íntegro e justo em liberdade. É difícil, é doloroso, depois de um ano sem Santiago, a sensação de não poder fazer nada me corrói, me humilha. E lamento. Lamento não ser como os defensores, que perdoam dois assassinos, que transformaram em noites os dias de uma família com um simples voto. Se Caio e Fábio estão livres, lamento mais ainda desapontá-los, mas a minha batalha continua, até a última instância, estou preparada", disse Vanessa.
Vanessa fez um desabafo em sua página no Facebook (Foto: Reprodução/Facebook)Vanessa fez um desabafo em sua página no Facebook (Foto: Reprodução/Facebook)
Os ativistas respondiam por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, com uso de explosivo e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Agora, podem ser condenados, no máximo, por explosão seguida de morte. A pena, que variava de 12 a 30 anos, agora vai de dois a oito anos.
No julgamento do recurso da defesa, na 8ª Vara Criminal, nesta quarta, o desembargador Marcus Quaresma Ferraz foi vencido pelos desembargadores Gilmar Augusto Teixeira (relator) e Elizabete Alves de Aguiar. Os dois consideraram não ter ficado comprovado, na denúncia do Ministério Público (MP), o dolo eventual – quando não há a intenção, mas se assume o risco de matar. O caso deixa, então, o Tribunal do Júri, e será redistribuído para uma das varas criminais comuns da Comarca da Capital. 
MP contesta
O procurador-geral de Justiça do Rio informou que o MP vai recorrer. Marfan Vieira disse que as imagens provam que houve dolo eventual e que a decisão provoca uma sensação de impunidade na sociedade.
O defensor público Felipe Lima de Almeida, que representa Fábio, informou que não há provas de que os acusados tenham agido com dolo eventual. "Os réus, eles dirigiram o rojão para a multidão com o escopo de causar um grande tumulto."
Se o recurso não for aceito, o MP terá que oferecer uma nova denúncia, dando nova classificação, que pode ser, entre outras, a de homicídio culposo. A decisão não significa a absolvição dos acusados.
Presos em Bangu
Caio e Fábio estão desde fevereiro de 2014 no Complexo Penitenciário de Bangu. Até as 21h desta quarta, os réus não haviam sido soltos, segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). De acordo com o advogado Wallace Martins, um dos advogados dos manifestantes, eles devem sair da cadeia até o fim desta quinta (18).
O cinegrafista Santiago Andrade é atingido por rojão aceso por um manifestante durante manifestação pelo passe-livre no Centro do Rio de Janeiro (Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo)O cinegrafista Santiago Andrade é atingido por rojão aceso por um manifestante durante manifestação pelo passe-livre no Centro do Rio de Janeiro (Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo)
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