No país dos pequenos biquínis e do bumbum como uma das paixões nacionais, a ânsia pela perfeição tem levado cada vez mais mulheres às salas de operação. Além da prótese de silicone, outro produto tem se disseminado entre as mulheres, o metacril. A aplicação estética da substância, no entanto, é criticada por médicos devido à chance de rejeição. A advogada Vânia Prisco, de 30 anos, descobriu da pior forma este risco após fazer a cirurgia em 2013. Semanas depois, uma inflamação a levou de volta ao hospital, onde ficou seis meses internada, fez 69 operações e gastou cerca de R$ 100 mil só em anestesias – o plano cobriu o resto.
O metacril – ou polimetilmetacrilato – é uma substância acrílica usada por cirurgiões plásticos para dar mais firmeza ao bumbum e deixar a aparência uniforme. Moradora deNilópolis, na Baixada Fluminense, Vânia diz que uma amiga que já havia feito o procedimento indicou uma médica. A cirurgia custou R$ 7,2 mil.
"Quinze dias depois começou a inflamar. Meu organismo rejeitou o produto, comecei a ficar com furúnculos no bumbum e eles estouravam. Eu não pesquisei nada sobre a médica. Confiei e fiz. Voltei na clínica, ela fazia curativos e me aterrorizava, dizia que se eu fosse ao hospital iam arrancar a minha bunda. Com o tempo ela começou a sumir e eu fui ao Quinta D’Or [hospital particular na Zona Norte do Rio]. Chegando lá, me internaram direto e o médico disse que eu estava com infecção generalizada, que o produto estava necrosando."
Vânia fez um registro na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) e descobriu que outras mulheres já haviam prestado queixa contra a mesma médica. O caso foi encaminhado à Justiça. O G1 tentou entrar em contato com a médica, mas até a última atualização desta reportagem ela não foi encontrada.
“Ela mentiu pra mim, dizia que era médica e não era. Eu não pesquisei nada sobre ela, devia ter pedido o CRM, pesquisado e não fiz isso. Sempre gostei de cuidar do corpo, ir à academia, mas agora vejo que corpo não é tudo. Eu fiquei internada muito tempo, corri risco de morrer. As pessoas achavam que eu ia morrer”, lamenta.
Funkeira aumentou manequim
Ao contrário de Vânia, a funkeira MC Thamy Delícia, 22 anos, não teve complicações e gostou do resultado da aplicação, realizada em 2011. A dançarina conta que tinha menos de 100 centímetros de quadril e agora tem 114.
Ao contrário de Vânia, a funkeira MC Thamy Delícia, 22 anos, não teve complicações e gostou do resultado da aplicação, realizada em 2011. A dançarina conta que tinha menos de 100 centímetros de quadril e agora tem 114.
"Decidi fazer porque virou moda no meio do funk a mulherada ter bundão. Eu tinha uma bunda arrebitada, mas não um bundão. Com uma semana, desincha muito, então eu fiz um retoque uma semana depois e já voltei lá mais umas três vezes depois da primeira aplicação. Meu manequim era 40 e hoje em dia é 44. Tem até gente que acha que estou exagerada."
A MC gastou R$ 3 mil na cirurgia e acha que o resultado fica mais natural do que uma prótese de silicone. “Acho que o silicone fica muito quadrado. Vejo pela da Valesca [Popozuda], quando ela abaixa, fica aquela coisa quadrada, não é natural. Quando ela empina a bunda, dá pra ver certinho a marca da prótese. Dificilmente você verá um bumbum bonito e ele será natural”, analisa.
A MC gastou R$ 3 mil na cirurgia e acha que o resultado fica mais natural do que uma prótese de silicone. “Acho que o silicone fica muito quadrado. Vejo pela da Valesca [Popozuda], quando ela abaixa, fica aquela coisa quadrada, não é natural. Quando ela empina a bunda, dá pra ver certinho a marca da prótese. Dificilmente você verá um bumbum bonito e ele será natural”, analisa.
Consequências irreversíveis, diz médico
A melhor forma de aumentar o bumbum, segundo os médicos, é com a prótese de silicone ou com a gordura do próprio corpo do paciente. Alexandre Barbosa, diretor da Clínica de Cirurgia Plástica de São Paulo, afirma que o metacril é indicado para cirurgias ortopédicas e para uso em pacientes HIV positivos.
A melhor forma de aumentar o bumbum, segundo os médicos, é com a prótese de silicone ou com a gordura do próprio corpo do paciente. Alexandre Barbosa, diretor da Clínica de Cirurgia Plástica de São Paulo, afirma que o metacril é indicado para cirurgias ortopédicas e para uso em pacientes HIV positivos.
"Para o bumbum não é o mais indicado, pois o índice de rejeição é muito grande. Alguns profissionais disseminaram como uma coisa boa, mas não passa de uma versão moderna do silicone industrial. É uma loteria e as consequências são irreversíveis. Entre elas, infecção e necrose da pele. Não tem como prever o resultado", diz.
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